De em junho 6, 2011
Depois de receber seis prêmios (filme, direção, atriz, roteiro, montagem e fotografia) no festival Cine PE, realizado em Recife no mês passado, estreou sexta-feira o longa de Toni Venturi Estamos Juntos.
São Paulo não é só pano de fundo e locação da trama: os prós e contras da cidade e principalmente o modo de vida dos paulistanos são como personagens vivos do roteiro de Hilton Lacerda e Toni Venturi. A médica residente Carmem (brilhantemente vivida por Leandra Leal) vem dar seu grito de liberdade na maior metrópole da América Latina, deixando para trás a provinciana cidadezinha do Estado do Rio. Dividindo-se entre os plantões em Hospital Público e as baladas que frequenta com Murilo (Cauã Reymond) — seu amigo gay e conterrâneo, que é DJ e produtor musical—, Carmem se envolve com o músico argentino Juan (Nazareno Casero), além de manter um misterioso caso com Angelo (Lee Taylor) que só ela enxerga. Paralelamente, a garota aceita ser voluntária numa comunidade de sem teto. No entanto, sua vida dá uma guinada ao saber que é portadora de um tumor cerebral.
Na primeira meia hora do filme, várias histórias e caminhos se apresentam ao espectador: o cotidiano da saúde pública, o agito cultural da noite paulistana, a situação da população sem moradia, o tórrido romance entre os jovens e o drama particular da médica que cuida de todos, mas se descuida da própria saúde. O próprio diretor em entrevista à Folha de S.Paulo confessa que cada um vê um filme, pode ser o filme gay, o filme social ou o filme do rito de passagem dos jovens irresponsáveis para a vida adulta.
Zeca Baleiro já definiu o paulistano como solitário. Estamos Juntos retrata a solidão da metrópole, mas aponta uma provável chave para esse problema. Em diversos momentos a médica se questiona se o medo não deixa as pessoas mais egoístas. Na cidade de São Paulo somos muitos, mas podemos não estar SóS! A solidariedade não seria a solução para a solidão na cidade? Além das belas imagens da noite paulistana ( “o céu de São Paulo é inverso: para ver as estrelas temos de olhar a cidade de cima para baixo”), Venturi termina o filme com a voz rascante de Elza Soares cantando Paciência, de Lenine.
“…enquanto todo mundo espera a cura do mal.
E a loucura finge que isto é normal.
Finjo ter paciência”
Estar junto: seria esse o antídoto da solidão?
Fotos: Divulgação
8 Comentários
@Adriano_me
junho 14, 2011 @ 10:21
Meu… vc deveria estar em algum jornal… com alguma coluna sobre dicas culturais Mellone…
Bom… mas alguns… assim como eu temos a sorte de conhecer vc e seu trabalho…
Ótimo texto como sempre… adoro ler suas análises sobre filmes… são sempre muito pontuais e ao mesmo tempo com um olhar subjetivo!
Adorei…
Beijos… bora divulgar…
Maurício Mellone
junho 15, 2011 @ 14:33
Adriano:
Que delícia receber esse tipo de retorno, justamente num período que estou com pouquíssimo trabalho remunerado.
Meus esforços são para que esse trabalho aqui possa abrir novas frentes e um número maior de leitores possam conhecer
o meu trabalho.
Obrigado pela força
bjs
Imad
junho 11, 2011 @ 17:22
Um filme que trata de solidão, é ambientado em Sampa e conta com o talento excepcional da Leandra Leal merece, sem dúvida, ser visto e discutido nas rodas de amigos.
Maurício Mellone
junho 13, 2011 @ 14:28
Imad:
Não deixe de assistir a esse filme; já ouvi críticas negativas, mas reafirmo que Venturi propõe uma bela leitura sobre
Sampa e o modo de viver aqui!
Bjs
pedrita
junho 11, 2011 @ 10:18
eu quero muito ver esse filme, não sei se vou conseguir. beijos, pedrita
Maurício Mellone
junho 11, 2011 @ 16:22
Faça todo o esforço para assistir, vai valer a pena. Asseguro!
Rico
junho 10, 2011 @ 18:32
Quero muito ver esse filme! São Paulo precisa mesmo deste remédio! As pessoas precisam se tornar mais humanas, olhar mais para o lado e saber o que acontece fora do seu mundo! Boa dica! Bjo
Maurício Mellone
junho 11, 2011 @ 16:23
Rico:
A proposta do Toni Venturi é exatamente essa, que a solidariedade possa salvarnos!
bjs