Marte Um: filme de Gabriel Martins retrata uma família negra de MG

De em agosto 31, 2022

Família Martins: Eunice (Camilla Damião), Tércia (Rejane Faria), Deivinho (Cícero Lucas) e Wellington (Carlos Francisco)

 

 

Sócio fundador da produtora mineira Filmes de Plástico, Gabriel Martins dirigiu vários curtas e o longa-metragem No coração do mundo em parceria com Maurílio Martins, em 2019. Marte Um é seu primeiro filme solo, em que assina também o roteiro.

 

A trama é a radiografia de uma família negra de classe média baixa (os Martins), residente numa favela em Contagem/MG, na época da posse em Brasília de um presidente de extrema direita, cujos interesses são opostos aos dos membros da família. Um olhar delicado para este grupo familiar, unido pelo afeto.

 

 

 

 

Gabriel Martins, diretor e roteirista

 

Depois de percorrer festivais internacionais e vencer quatro prêmios no último Festival de Gramado — Especial do Júri, Voto Popular, Roteiro e Trilha Sonora —, o filme, em cartaz no Cinema da Fundação, acaba de estrear em 21 cidades brasileiras.

 

 

 

 

 

O roteiro mostra individualmente cada membro da família Martins como se fosse uma peça de um quebra-cabeça, que o espectador vai montando com o desenrolar da trama. Deivinho (Cícero Lucas) é o caçula, exímio jogador de futebol que deseja mesmo ser um astrofísico e participar de uma missão para povoar o planeta Marte. Eunice (Camila Damião), a filha mais velha, estuda direito e sonha sair de casa para morar com a namorada Joana (Ana Hilário). Já os pais têm sonhos mais modestos: Wellington trabalha como zelador de um luxuoso condomínio e sonha em ver seu time, o Cruzeiro, ser campeão. Tércia, Rejane Faria numa sensível interpretação, é diarista e vive pela família, mas se apavora depois de ser vítima de uma pegadinha de um programa de TV: acredita ser amaldiçoada.

 

 

 

Cumplicidade forte dos irmãos

 

 

 

 

Mesmo que o sonho de cada um deles possa provocar atritos ou desavenças, o elo de afetividade entre os Martins não se rompe. A ligação e a cumplicidade entre Eunice e Deivinho é tratada com delicadeza, emocionando o espectador. Da mesma forma, o diretor conduz com muita sensibilidade as cenas em que a filha se despede dos pais e do irmão para seguir seu caminho na vida.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Grande atuação de Rejane Faria e Carlos Francisco

 

O roteiro toca também em temas difíceis, como racismo, intolerância e homofobia, sem usar de maniqueísmo; o diretor apresenta a situação e a conclusão fica para o público. Por exemplo, Wellington é demitido injustamente: a arrogância da síndica fica evidente. A incompreensão dos pais com a sexualidade da filha também é explícita, mas o amor e o afeto sobrepõem a tudo. Assim como o sonho do garoto, racionalmente inatingível, é aceito e incentivado por todos. Impossível não se emocionar com Marte Um. Destaque para a atuação de Rejane Faria e a sintonia entre os demais atores. Cícero Lucas, na pele de Deivinho, é a grande revelação. Imperdível!

 

 

 

Fotos: divulgação

 


2 Comentários

Dinah Sales de Oliveira

setembro 8, 2022 @ 15:54

Resposta

Maurício,
Muito bacana a resenha, esse não perco!
E vamos torcer pelo Oscar, né?

bjs,
Dinah

Maurício Mellone

setembro 8, 2022 @ 16:10

Resposta

Dinah,
a indicação saiu depois que eu tinha postado….
Agora é torcer para q esteja entre os 5 melhores
filmes estrangeiros.
Vá assistir, linda relação familiar, unida pelo afeto!
Bjs

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