De Maurício Mellone em janeiro 17, 2017
O diretor iraniano Asghar Farhadi novamente traz a relação de um casal como mote central de seu filme. Depois de A Separação/2011 e O Passado/2013, em O Apartamento — representante do Irã ao Oscar/17 de filme estrangeiro — a discussão gira em torno de uma violência ocorrida na residência do casal de atores Emad e Rana, interpretado por Shahab Hosseini e Taraneh Alidoosti. Impedidos de permanecer onde moram (o edifício corre o risco de desabar), eles vão morar num apartamento cedido por Barak (Babak Karimi), um ator da companhia em que trabalham. No entanto, logo que se instalam no novo apartamento, Rana é agredida por um estranho e o casal não descansa até descobrir o autor do crime.
O diretor, que também assina o roteiro, procura fazer uma correlação entre o cotidiano de Emad e Rana e a trama que interpretam no teatro, A morte do caixeiro viajante, de Arthur Miller. Se no palco Emad interpreta o derrotado e frustrado caixeiro, na vida real o ator se desdobra para sobreviver, dividindo seu tempo entre o teatro e o magistério (é um professor liberal e atuante). Talvez por isso que o trauma vivido por Rana o transforma tanto: ele não se conforma de não ter podido fazer nada quando a mulher foi agredida e quer pedir ajuda da polícia para desvendar o caso. Como Rana se recusa a denunciar o crime (pode sofrer mais ainda devido ao sistema conservador e machista em que vivem), Emad resolve fazer justiça com as próprias mãos e revela seu lado obscuro e ciumento. Ele descobre que a antiga moradora do apartamento era prostituta e o agressor de Rana devia ser um cliente dela. Ele segue pistas deixadas pelo criminoso e, quase que por acaso, a verdade vem à tona. Mas Rana o impede de praticar qualquer tipo de violência contra o seu algoz.
Vencedor de prêmios internacionais (em Cannes/16 foi laureado com roteiro e ator para Hosseini), o filme surpreende o espectador com as mudanças bruscas na trama, como a inesperada violência à Rana e o clima de tensão na busca ao criminoso. No entanto, o ritmo é um tanto lento e moroso, o que pode incomodar alguns espectadores. Mas sem dúvida o grande destaque do filme é para a brilhante atuação dos atores centrais, que mostram várias nuances de seus personagens.
Fotos: divulgação
4 Comentários
Dana
janeiro 23, 2017 @ 12:30
Agradecimentos para o artigo. Aliás, outro filme interessante sobre o tema da violência doméstica é o “Vidas Partidas” ( http://assistirfilmes.co/257-vidas-partidas-2016.html ) …
Maurício Mellone
janeiro 23, 2017 @ 14:20
Dana,
q bom q vc gostou da resenha.
Vou pesquisar sobre sua nova dica
abrs
Antoune Nakkhle
janeiro 17, 2017 @ 17:25
Oba!Deu vontade de assistir!
Está na minha lista!
Maurício Mellone
janeiro 18, 2017 @ 12:36
Antoune:
vc vai gostar, a mudança que os dois
personagens centrais passam é bem interessante;
depois me conte o q achou do filme iraniano
Obrigado pela visita, volte sempre!
bjs