De Maurício Mellone em novembro 28, 2023
Graças ao sucesso da primeira versão, produtores e equipe retomaram o projeto de 15 anos atrás e o filme Ó Paí, ó 2 acaba de chegar às salas de exibição em todo o país. Lázaro Ramos encabeça o elenco formado pelo Bando de Teatro Oludum, além de participações especiais de Ériko Brás, Dira Paes, Luís Miranda, Luciana Souza e Tânia Toko.
Com direção de Viviane Ferreira, logo na cena inicial Lázaro, na pele do carismático cantor Roque Salvador, esclarece a proposta de refilmagem, ou seja, a de constatar como anda a vida de todos do Pelourinho depois de 15 anos. A cena seguinte traz a reunião deles todos numa coreografia envolvente e alegre.
São 15 anos na vida das pessoas, que parecem uma eternidade, ou como diz Roque, “parece que todos fizeram as malas e se mudaram para outro planeta”. Por isto que ele faz questão de reunir todo mundo, principalmente depois que verifica que o Bar de Neuzão (Tânia Toko) está fechado. Eles partem à procura dela, que está vendendo água longe do Pelourinho. Ela conta que não pagou os aluguéis e o bar foi vendido a um coreano. O grupo decide recuperar o bar e reaver aquele reduto.
Paralelamente, os dramas e questões particulares vão se desenrolando. Primeiro Roque conta ao filho pequeno que sua música irá ser lançada em breve e a carreira vai deslanchar. Dona Joana (Luciana Souza) continua em luto pela perda dos filhos e aceita se tratar com um psicólogo, papel de Luís Miranda. Reginaldo (Ériko) e Maria (Valdinéia Soriano), agora separados, permanecem em guerra conjugal. O diferencial que hoje os filhos dos personagens centrais participam das festas, das fofocas e das grandes confusões daquela trupe.
A ideia central do grupo é no dia da festa de Iemanjá, que irá coincidir com o lançamento da canção de Roque, eles arrecadarem uma grana para reabrir o bar. Mas nada é tão fácil assim: novamente Roque é sabotado e sua música é interpretada por outra cantora. Eles também descobrem que houve corrupção e trapaça na venda do imóvel que abriga o negócio de Neuzão. Como aconteceu na primeira versão do filme em que Roque faz um discurso antirracista, o cantor volta à carga e o tom de revolta e indignação é ainda mais contundente. O brilho do olhar de Lázaro e sua expressão raivosa emociona a todos!
Particularmente não sou adepto de tramas que ganham continuidade, geralmente o que motivou o sucesso do original tem poucas chances de repetir o êxito. É o que ocorre no filme de Viviane Ferrerira, que divide o roteiro com Daniel Arcades, Elisio Lopes, Igor Verde. Além das histórias centrais (canção de Roque e retomada do bar), há várias tramas paralelas, como a adoção de garotos de rua por Joana, a chegada de Psilene (Dira Paes) para homenagear a irmã falecida, os namoros dos jovens e as eternas confusões do sobrado cortiço de Joana. São tantas histórias que o espectador se perde, o roteiro peca pela descontinuidade e pela inexistência de um fio condutor de toda a trama.
No entanto, há cenas de muita emoção, como o protesto antirracista de Roque e a homenagem aos representantes da arte e cultura da Bahia, que são reverenciados por Roque — mas que evidentemente o ator Lázaro Ramos deixa um pouco de lado o personagem para ampliar a homenagem. O som contagiante do Olodum, a magia da religiosidade do candomblé e a alegria coreográfica também devem ser ressaltados. Confira.
Fotos: divulgação
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