De Maurício Mellone em maio 26, 2014
Rodado em 2012 e já tendo participado da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo no ano passado, filme do diretor catalão Cesc Gay, O que os homens falam (Una Pistola en Cada Mano), acaba de estrear na cidade e traz à tona a crise pela qual o homem contemporâneo vive. São sete histórias curtas em que oito homens de meia idade se veem diante de dificuldades afetivas, financeiras e até físicas e questionam a identidade masculina. Os personagens são identificados somente pela inicial de seus nomes.
Numa Madrid chuvosa e fria é que a primeira história tem início: na porta de um elevador de um edifício comercial, dois velhos amigos se reencontram depois de anos sem se verem; o que desce do elevador, vivido por Leonardo Sbaraglia, acaba de sair de uma intensa sessão de terapia e tenta esconder o choro do amigo (Eduard Fernández), que está chegando para se encontrar com o advogado que vai tratar de seu divórcio. Eles tentam animar um ao outro, mas o que trocam são angústias e traumas.
Sempre com pouca ação e mais fala, as histórias se intercalam naturalmente, parece que câmara passeia pela capital espanhola e capta as histórias dos transeuntes. É assim que a segunda trama surge: o personagem de Javier Cámara está com o filho pequeno e chega para deixá-lo com a mãe, sua ex-esposa. Constrangido, ele pede para entrar e confessa ter se arrependido da separação e diz que deseja voltar; ela o trata bem, mas diz que está grávida e muito bem com seu atual namorado. A consternação é total!
A história do personagem interpretado por Ricardo Darín também mescla humor e drama: ele está sentado numa praça quando o amigo, vivido por Luis Tosar, chega e quer saber o porquê dele estar ali. Ele confessa que seguiu sua esposa, que o trai com alguém que mora no edifício que fica ali enfrente; eles conversam e a verdade é revelada: ambos dividem a mesma mulher!
A outra trama é sobre um jovem jornalista (Eduardo Noriega) que, mesmo casado e tendo sido pai recentemente, convida a colega de trabalho para sair. Ela o seduz e ele cai numa hilária cilada. A última história envolve dois amigos (Jordi Mollà e Alberto San Juan) convidados de uma mesma festa, mas que seguem caminhos diferentes: no trajeto um encontra com a esposa do outro e há revelações íntimas, que provocam estranhamento quando eles se reencontram. Esta mesma festa reúne vários dos personagens da trama.
No balanço sobre a Mostra de Cinema/2013, o escritor e jornalista Zedu Lima publicou um artigo aqui no Favo em que de maneira sucinta resume brilhantemente o filme do diretor catalão:
“É uma inteligente abordagem sobre a fragilidade masculina diante dos seus problemas íntimos, de suas fraquezas, dúvidas, incertezas, que eles não comentam com seus pares nem com reza brava. Ao passo que as mulheres fazem disso uma terapêutica prática comum. Trata-se de um filme inteligente, bem construído, elenco irrepreensível. Redondo como sua narrativa circular. No final, todos os personagens, amigos em comum, se encontram numa festa de aniversário de um deles”, conclui o jornalista.
Fotos: divulgação
2 Comentários
José Edvardo Pereira Lima
maio 27, 2014 @ 13:03
Maurício, rico comentário sobre esse filme que quero rever. Obrigado por citar meu resumo.
Zedu Lima
Maurício Mellone
maio 27, 2014 @ 14:27
Zedu,
vá rever, é bem interessante a discussão sobre a crise do homem contemporâneo.
O primeiro episódio foi o q mais me chamou a atenção.
bjs e eu q agradeço a sua colaboração