Peça: O Ovo de Ouro, foto 1

O Ovo de Ouro: peça mostra lado ainda mais perverso do holocausto

De em dezembro 7, 2019

Peça: O Ovo de Ouro, foto 1

Elenco: Sérgio Mamberti, Rita Batata, Leonardo Miggiorin, Ando Camargo e Luccas Papp

Por mais que a Segunda Guerra Mundial já tenha sido exaustivamente explorada pelo cinema, teatro e literatura, sempre há uma forma para denunciar o horror provocado pelos nazistas alemães. É o caso desta peça do autor e ator brasileiro Luccas Papp, O Ovo de Ouro, em cartaz no SESC Santo Amaro até o próximo dia 15/12, em que um lado ainda pouco conhecido do grande público é revelado. Trata-se do sonderkommando, unidades especiais nos campos de extermínio nazistas em que os próprios prisioneiros eram recrutados para trabalhar nas câmaras de gás e nos crematórios.

 

Com direção de Ricardo Grasson, a história do judeu Dasco Nagy é contada de forma truncada, mesclando memória, realidade e alucinação, com relatos sobre momentos vividos no campo de concentração e lembranças da época. Aos 80 anos recém- completados (63 de carreira), Sérgio Mamberti lidera o elenco, composto ainda por Leonardo Miggiorin, Rita Batata, Ando Camargo e Luccas Papp.

 

Peça: O Ovo de Ouro, foto 2

Trama de Luccas Papp dirigida por Ricardo Grasson

 

A trama é apresentada de forma não cronológica, misturando presente e passado, realidade e alucinação. O início é com Dasco já idoso (Mamberti) relatando a uma jornalista (Rita) sua vida em um dos campos especiais de sonderkommando. Corte e estão em cena os jovens Dasco (Papp) e Sándor (Leonardo Miggiorin) que, inconformados com suas terríveis atribuições no extermínio de judeus como eles, buscavam arquitetar planos de rebelião. Eles eram mantidos sob rígida fiscalização do comandante da SS Weber, papel de Ando Camargo, mas mesmo assim Dasco se encanta com a prisioneira Judit (Rita) e tenta protegê-la.

 

 

 

 

Entre idas e vindas no tempo os horrores do Holocausto são revividos por Dasco e o texto traz surpresas, fazendo com que o espectador seja obrigado a separar realidade, fantasia, desejo e alucinação de tudo o que é relatado. No entanto, o diretor faz questão de ressaltar que o essencial da peça é denunciar os erros do passado para que eles não voltem:

 

 

 

“Em tempos de pouco diálogo, imposição de ideias e ideologias, censura e extremismos, é fundamental debatermos esses temas tão duros e atrozes para que os erros que provocaram tanto sofrimento no passado não se repitam. Uma das formas de evitar a repetição de tais tragédias coletivas é recordá-las para que não resurjam no horizonte”, enfatiza Ricardo Grasson.

 

 

Peça: O Ovo de Ouro, foto 3

Sérgio Mamberti lidera elenco afiado

 

Ao final da ficção (o destino dos prisioneiros Dasco, Sándor e Judit e do nazista Weber) o público é informado sobre a realidade de sonderkommando em Auschwitz e como a revolta ocorrida em 1944 resultou no massacre geral dos prisioneiros. Sem dúvida um espetáculo de grande impacto, não só pela força da dramaturgia, mas pela concepção cênica: todos os elementos foram concebidos para retratar a opressão e o horror do Holocausto —  a cenografia de Kleber Montanheiro constituída de blocos de concreto, a iluminação de Wagner Freire que valoriza as sombras e o tom lúgubre, assim como os figurinos de Rosângela Ribeiro e a trilha de L.P. Daniel.
Com um tema tão pungente, a interpretação do atores, em grande sintonia, comove a todos; destaque para a performance do veterano Mamberti e a atuação visceral de Ando Camargo e Leonardo Miggiorin. Imperdível, mas programe-se, a temporada termina dia 15.

 

 

 

 

 

 

 

Roteiro:
O Ovo de Outro. Texto: Luccas Papp. Direção: Ricardo Grasson. Elenco: Sérgio Mamberti, Leonardo Miggiorin, Rita Batata, Ando Camargo e Luccas Papp. Voz em off: Eric Lenate. Cenografia e visagismo: Kleber Montanheiro. Trilha sonora original: L.P. Daniel. Iluminação: Wagner Freire. Figurinos e adereços: Rosângela Ribeiro. Fotografia: Leekyung Kim. Idealização: Luccas Papp e Ricardo Grasson. Produção: LPB Produções e NOSSO cultural.
Serviço:
Sesc Santo Amaro (279 lugares), Rua Amador Bueno, 505, tel.:11 5541-4000. Horários: quinta e sexta às 21h, sábado às 20h e domingo às 18h. Ingressos: R$30, R$15 e R$9. Bilheteria: de terça a sexta das 10h às 21h30; sábado e domingo das 10h às 18h30. Duração: 90 min. Classificação: 14 anos. Temporada: até 15 de dezembro.


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