De Maurício Mellone em março 4, 2013
À beira de completar 50 anos — estreou na Broadway em 1964 —, o musical Alô, Dolly! (Hello, Dolly!) acaba de desembarcar em São Paulo para uma temporada prevista de três meses, no Teatro Bradesco , depois do sucesso carioca. Com versão de Miguel Falabella, que atua e também assina a direção, a superprodução é capitaneada por Marília Pêra, que dá vida à casamenteira Dolly Levi, e traz no elenco 29 atores e 16 músicos da orquestra regida pelo maestro Carlos Bauzys.
A trama, baseada na peça A casamenteira, de Michael Stewart, se passa em Nova York, em 1890, e narra as peripécias da casamenteira (e trambiqueira) Dolly, que fora contratada pelo viúvo-rico, avarento e mal-humorado comerciante Horácio Vandergelder, vivido por Miguel Falabella, para conseguir novo matrimônio. Horácio vive numa cidadezinha próxima a Nova York e Dolly encontrou uma pretendente para ele, mas como está viúva e na penúria, faz mil artimanhas para convencê-lo que ela é a melhor opção para os seus problemas de solidão.
Paralelamente à história central do comerciante, Dolly mantém viva sua função de cupido, tanto que ajuda outros casais a subirem ao altar. Emengarda (Brenda Nadler), sobrinha de Horácio, é apaixonada por Ambrósio (Thiago Machado), um artista plástico pobre, motivo que faz com que o comerciante proíba o namoro; aí entra a mãozinha da casamenteira, que faz de tudo para unir o casal. Outros que são beneficiados por Dolly são os empregados de Horácio, Cornélio (Frederico Reuter) e seu fiel escudeiro Barnabé (Ubiracy Paraná do Brasil); com a viagem do patrão a Nova York, ambos resolvem se divertir e também viajam para lá, onde conhecem duas garotas Irene (Alessandra Verney) e Minnie (Ester Elias). A paixão é avassaladora entre eles, mas quando Horácio descobre a “fuga” dos empregados, despede os dois. Dolly novamente entra em ação e convence o futuro marido a mudar de ideia.
Sucesso na Broadway, o musical ganhou versão cinematográfica, com direção de Gene Kelly e Barbra Streisand e Walter Matthau nos papéis centrais; aqui no Brasil Bibi Ferreira e Paulo Fortes montaram o espetáculo nos anos 60, com estrondoso sucesso. A diferença da montagem atual é que Falabella resolveu dar uma pitada de brasilidade: seu personagem carrega um sotaque bem caipira:
“É uma assinatura minha, colocar um molho brasileiro no Tio Sam”, brinca o diretor em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.
Outra curiosidade desta versão é poder ver Marília contracenando com seu filho Ricardo: ele abre o segundo ato na pele de Rudolph, o maître do restaurante onde todos irão jantar. Dolly e Rudolph dançam e cantam um lindo número musical. Além do belo cenário de Renato Theobaldo e Roberto Rolnik e ótimas coreografias de Fernanda Chamma, um destaque de Alô Dolly é para o figurino de Fause Haten: os dois vestidos usados por Dolly no segundo ato são deslumbrantes.
E não poderia ser de outra forma: Marília Pêra é a grande expoente do musical. Na pele de um personagem leve e divertido, a atriz traz seu charme e elegância à casamenteira — há um número em que ela dança por todo o cenário, mostrando toda graça e desenvoltura. Sua interpretação para os clássicos do musical também é o ponto alto do espetáculo.
Fotos: Caio Gallucci
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