De em outubro 11, 2011
Bela promessa é o que posso dizer do diretor André Ristum. Meu País, seu primeiro longa, é uma história comovente de três irmãos com temperamentos bem distintos que precisam retomar uma relação afetiva deixada no passado. A cena inicial, numa praia do litoral paulista com três crianças brincando, dá o tom da trama.
Corte e salto no tempo: Armando, na única e fundamental cena de Paulo José, está na iminência de morrer, mas consegue deixar gravado na câmera digital uma mensagem aos filhos. Novo corte e vemos Marcos (Rodrigo Santoro) um executivo bem-sucedido na Itália sendo obrigado a voltar para o Brasil ao saber da morte do pai. É recepcionado no aeroporto pelo irmão Tiago (Cauã Reymond), um bon-vivant que adora jogar cartas e está endividado. Além de cuidar do enterro, dos problemas da empresa familiar e da herança, Marcos fica sabendo que sua meia-irmã Manuela, que tem problemas mentais —(Débora Falabella numa interpretação delicada e tocante), está internada numa clínica mas precisa retomar o convívio familiar.
São Paulo é a cidade onde mora esse núcleo familiar. As cenas da chegada de Marcos são quase sem diálogos e o tom cinza da paisagem reflete muito como os irmãos se sentem. O executivo veio com a esposa, vivida por Anita Caprioli, herdeira da empresa onde ele trabalha; como um dos diretores, Marcos é muito requisitado, mas ao se confrontar com os problemas de sua família brasileira, revê seus valores e não consegue deixar de ajudar os irmãos.
Já Tiago é irresponsável e da empresa só quer dinheiro, que gasta tudo em jogos, até ser ameaçado pelo dono do estabelecimento da jogatina. E o terceiro vértice do triângulo é o drama de Manuela: os médicos da clínica avisam que para ela evoluir no tratamento é necessário que retome seus vínculos afetivos.
Marcos, até então um homem de negócio austero e introspectivo, aos poucos se aproxima da irmã e também procura auxiliar Tiago. É justamente Manuela com sua sensibilidade que provoca o desfecho da história.
O que mais me chamou a atenção em Meu País (que faturou quatro prêmios no Festival de Brasília, ator (Santoro), direção, trilha e montagem) é que Ristum (que divide o roteiro com Octavio Scopellitti, Marco Dutra) usa poucas palavras para contar a história. Além das imagens (destaque para a comovente cena na praia), a trama é decifrada pelo espectador por meio das ações, gestos e sensações dos personagens. Bela composição de personagens: Santoro e Débora emocionam; pena que o personagem de Cauã foi pouco explorado. Já a pequena participação de Paulo José vale o ingresso!
Fotos: divulgação
2 Comentários
Rico
outubro 15, 2011 @ 13:59
Algumas pessoas que foram comigo não gostaram, eu e um amigo que mora na Alemanha gostamos bastante. Pesado e com uma tematica difícil, que esbarra em preconceitos inclusive de familiares…o diretor ainda da um tom de filme europeu trabalhando com pelicula, cores e camera. Vale a pena conferir.
Maurício Mellone
outubro 15, 2011 @ 16:25
Rico:
Q bom q vc gostou tb!
bjs