Filme: Hebe - a estrela do Brasil, foto 1

Hebe- a estrela do Brasil: relevante período da vida da apresentadora

De em outubro 15, 2019

Filme: Hebe - a estrela do Brasil, foto 1

Andréa Beltrão vive Hebe Camargo no filme de Maurício Farias, com roteiro de Carolina Kotscho

 

Diferente das tradicionais cinebiografias que acompanham cronologicamente a vida de personalidades, Hebe – a estrela do Brasil, filme de Maurício Farias, com roteiro de Carolina Kotscho, faz um recorte na vida de Hebe Camargo, ressaltando o período em que a apresentadora assume o controle sobre a própria carreira e passa a combater a censura e o machismo, além de defender causas sociais.

 

Com excepcional interpretação de Andréa Beltrão na pele da artista, a trama se passa entre o final dos anos 1980 e início da década de 1990, em que Hebe trabalhava na Bandeirantes e se transferiu para o SBT e o país vivia a transição entre o final da ditadura militar e o início da redemocratização. No elenco, além de Andréa, destaque para Marco Ricca na pele do segundo marido de Hebe, Lélio Ravagnani, Caio Horowicz que interpreta Marcelo, o filho dela, Ivo Müller que vive o cabeleireiro Carlucho e Danton Melo que interpreta Cláudio Pessutti, sobrinho da artista.

Filme: Hebe - a estrela do Brasil, foto 2

Felipe Rocha como o cantor Roberto Carlos, ídolo de Hebe

 

 

O filme começa com Hebe Camargo, aos 60 anos, consagrada como apresentadora de TV, mas com o país ainda imerso na ditadura e a censura em pleno vapor. Seu diretor na época, na Band, era Walter Clark, interpretado por Danilo Grangheia, que tentava conciliar as ordens do censor com o espírito libertário da apresentadora; os embates eram inevitáveis, principalmente porque Hebe se recusava a gravar os programas, fazia tudo ao vivo. No episódio de sua demissão da Band e na negociação com Silvio Santos (Daniel Boaventura) para o ingresso no SBT, fica clara a determinação de Hebe na condução da própria carreira.

 

Uma das marcas da personalidade de Hebe, que é ressaltada pela roteirista, é sua autenticidade: da mesma maneira como se portava diante das câmeras para os fãs ela conduzia sua vida pessoal, com o marido, o filho, o sobrinho, os amigos e os empregados. Se diante das câmeras Hebe combatia a censura e apontava os desmandos de políticos, em casa ela enfrentava os arroubos de ciúme e machismo do marido com a mesma força.

 

O carisma e a personalidade forte (às vezes até contraditória) de Hebe também são ressaltados no filme: se de um lado apoiou um político conservador como Paulo Maluf, Hebe abraçou com todas as forças a causa da comunidade LGBT, tanto no vídeo por meio de entrevistas com artistas trans e especialistas em Aids, como em sua vida pessoal (deu todo o apoio ao seu cabeleireiro, uma das primeiras vítimas do HIV).

 

Com um roteiro bem articulado —foco num momento da vida da homenageada, ressaltando o que mais a caracteriza —, Hebe – a estrela do Brasil se destaca também pelas tomadas de imagem: as cenas dos programas de TV sempre são de ângulos diferentes das transmissões televisivas. No entanto o grande trunfo do filme é a interpretação de Andréa Beltrão. Sem querer imitar a apresentadora, a atriz traz a alma da homenageada para a tela: o vigor, o carisma, a alegria e a autenticidade estão presentes.

 

Filme: Hebe -a estrela do Brasil, foto 3

Excepcional atuação de Andréa Beltrão

 

Num momento atual em que infelizmente políticos conservadores e autoritários trazem de volta modelos retrógrados de governar, inclusive tentando impor censura à cultura, educação e costumes, personalidades como Hebe Camargo fazem ainda mais falta. Que o filme possa ajudar na reflexão e no repúdio pleno a qualquer tipo de censura!

 

 

 

 

 

 

Fotos: divulgação


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