De Maurício Mellone em abril 13, 2017
O grande trunfo em assistir Num Lago Dourado, em cartaz no Teatro Renaissance, é a chance de poder conferir a performance de dois grandes artistas brasileiros, Ary Fontoura e Ana Lucia Torre, que interpretam o casal Norman e Ethel Thayer, da trama do dramaturgo norte-americano Ernest Thompson, sob a direção de Elias Andreato.
A cativante história de amor deste casal da terceira idade já foi adaptada para o cinema em 1981, estrelada por Henry Fonda e Katharine Hepburn, e aqui no Brasil a peça foi encenada em 1991, com Paulo Gracindo e Nathalia Timberg e direção de Gracindo Jr.
Por terem temperamentos opostos — enquanto Norman é pessimista e neurastênico, sua esposa é alegre e otimista —, eles encaram a vida de maneiras distintas e mantêm com a filha Chelsea, vivida por Tatiana de Marca, uma relação bem diferente. Norman sempre quis ter um filho, por isso seu contato com Chelsea é recheado de atrito e distanciamento; já a mãe, muito amorosa, tenta compreender os dois lados e põe panos quentes em tudo. Ethel é a única serena da família e a que tem a chance de aparar as arestas entre o marido e a filha.
A trama começa com o casal chegando à casa de veraneio, no Lago Dourado, no início do verão. Como acontece anualmente, eles passam toda a estação neste refúgio, mas desta vez há uma novidade. Norman está prestes a completar 80 anos e Chelsea avisou que irá visitá-los. Ela chega acompanhada do novo namorado, Billy Ray, vivido por André Garolli e de seu enteado, Billy Ray Jr, interpretado por Lucas Abdo. O casal pretende viajar para a Europa a sós e querem deixar o garoto com Ethel e Norman, que a princípio é contra, mas rapidamente se entrosa com o rapaz (Billy passa a ser o filho que eles nunca tiveram).
Aparentemente um enredo sem grandes novidades, mas aos poucos o público vai percebendo nuances na relação do velho casal, a dificuldade de relação entre pai e filha, as diferenças entre gerações e a constatação da finitude da vida. Além da trama envolvente, o que sobressai nesta montagem de Andreato é a sintonia em cena de Ary e Ana Lucia, que magnetizam a plateia, numa atuação emocionante! Destaque ainda para a participação de Fabiano Augusto na pele do carteiro Charlie e da direção que valoriza o desempenho dos protagonistas. Um único senão que a produção deveria repensar: devido a estrutura cênica, em alguns lugares das laterais da plateia é impossível assistir adequadamente ao espetáculo.
Roteiro:
Num Lago Dourado. Texto: Ernest Thompson. Tradução: Eloísa Canton. Versão: Célia Regina Forte. Direção: Elias Andreato. Elenco: Ary Fontoura, Ana Lucia Torre, Tatiana de Marca, André Garolli, Fabiano Augusto e Lucas Abdo. Trilha sonora original: Miguel Briamonte. Cenário: Marco Lima. Iluminação: Wagner Freire. Figurino: Fause Haten. Programação visual: Vicka Suarez. Fotografia: João Caldas Fº. Assistente de direção: Andrea Bassit. Produção executiva: Katia Placiano. Realização: Morente Forte Produções Teatrais.
Serviço:
Teatro Renaissance (448 lugares), Al Santos, 2233, tel. 11 3069-2286. Horários: sexta e sábado às 21h30 e domingo às 18h. Ingressos: R$ 80. Bilheteria: de terça a domingo das 14h às 20h. Vendas: 11 4003-1212 ou ingressorapido.com.br. Duração: 90 min. Classificação: 10 anos. Temporada: até 02 de julho.
2 Comentários
Fábio Mráz
abril 13, 2017 @ 17:42
Maravilhoso!!!
Uma oportunidade e um privilégio poder assistir Ary e Ana Lúcia juntos em cena!
Sintonia, química e talento reunidos.
Imperdivel!
Pra se rever!
Maurício Mellone
abril 15, 2017 @ 16:39
Fábio,
tivemos a mesma opinião: assistir a estes dois grandes atores
é um privilégio mesmo!
Obrigado por sua presença constante por aqui
bjs