Filme: O filme da minha vida, foto 1

O filme da minha vida: olhar poético de Selton Mello a drama familiar

De em agosto 9, 2017

Filme: O filme da minha vida, foto 1

Johnny Massaro interpreta o jovem Tony, que deseja desvendar o mistério de sua família

Partindo do romance Um pai de cinema, do escritor chileno Antonio Skármeta, o ator e diretor Selton Mello construiu uma história sensível, tocante e de extrema poesia. Em O filme da minha vida, a trama gira em torno do jovem Tony, vivido por Johnny Massaro, filho do francês Nicolas, interpretado por Vincent Cassel, e da gaúcha Sofia (Ondina Clais Castilho); o rapaz, ao voltar a sua terra natal, Remanso, uma cidadezinha na serra gaúcha, depois de se tornar professor, tem a notícia que o pai acabara de abandonar a família.
Sem entender o que aconteceu e em meio às dúvidas e aos conflitos juvenis, Tony recomeça sua vida dando aula de francês na escola do vilarejo, mas deseja desvendar todo o mistério da família. Com o lavrador Paco, papel de Selton Mello, ele tenta substituir a figura do pai, tornando-se seu confidente.

Filme: O filme da minha vida, foto 2

Selton e Johnny em cena: personagens tornam-se confidentes

Com roteiro escrito em parceria entre o diretor e Marcelo Vindicatto e a bela fotografia de Walter Carvalho, o filme — que se passa no fim dos anos 1950 e início dos anos 1960 — começa com Tony contando em off sua história, enquanto cenas de sua infância e adolescência, ao lado do pai, são exibidas. O rapaz assume sua cátedra no colégio e logo se deslumbra com as garotas, principalmente por Luna, vivida por Bruna Linzmeyer, e por sua irmã mais velha, Petra (Bia Arantes). No entanto, a falta do pai ainda o perturba e ele deseja desvendar todo aquele mistério. Tenta, sem sucesso, fazer com que a mãe lhe conte o que provocou a atitude do pai; apela então a Paco, que procura incentivá-lo a esquecer do passado e tocar a vida. Fascinado por cinema e ansioso em perder a virgindade, Tony convence Paco a levá-lo à cidade vizinha para ir ao prostíbulo e, de quebra, ir ao cinema, quer assistir o western de Howard Hawks, Rio Vermelho/1948. Mal sabia que aquela viagem iria transformar completamente seu destino.
O diretor imprime um ritmo lento e delicado para desenvolver o roteiro e, em determinado momento, o espectador percebe o significado do título: cada fotograma compõe a história de Tony, o filme da vida daquele rapaz — como Selton dedica sua obra aos pais, pode-se inferir que este é o filme da vida dele!

Filme: O filme da minha vida, foto 3

Bruna Linzmeyer e Bia Arantes vivem as irmãs que fascinam Tony

Saí da sala de exibição em estado de graça, emocionado com a maneira poética de se contar uma história familiar. Difícil salientar algum elemento do filme: roteiro, fotografia, direção de arte, figurino, trilha sonora e interpretação, tudo impecável. E outra marca do diretor se repete: em O Palhaço/2011, Selton, além de dar o protagonismo ao veterano Paulo José, criou um take especialmente a Moacir Franco, que foi inclusive reconhecido com prêmio. Desta vez, o diretor escolheu Rolando Boldrin para viver o maquinista Giuseppe, que em uma única cena transmite a grandiosidade e a importância do personagem à narrativa.
Num momento em que vivemos tanto dissabor diante do desgoverno dos dirigentes (no Brasil e no mundo), a poesia deste filme traz alegria e revigora as energias.

Como aperitivo, fique com o trailler emoldurado com a linda canção Hier Encore, de Charles Aznavour.

 

 

 

 

Fotos: divulgação

 

 

 

 

 


4 Comentários

Imad

agosto 11, 2017 @ 15:58

Resposta

Precisamos de um filme desses para nos distrair dos dramas nacionais!
Vou ver logo, meu amigo, e depois comento com você.
“O Palhaço” já tinha me convencido da boa e sensível direção do Selton.

Maurício Mellone

agosto 11, 2017 @ 16:59

Resposta

Imad,
vou esperar seu comentário depois de
conferir o novo filme do Selton
bjs

Dinah

agosto 10, 2017 @ 19:26

Resposta

Delícia de crônica e de música francesa!
Escrevi lá no post, perdi o bonde no final da semana passada, mas vou correr atrás nesse próximo finde.

beijos,

Maurício Mellone

agosto 11, 2017 @ 11:13

Resposta

Dinah,
tenho certeza q irá amar o filme do Selton.
Que bom q o ‘aperitivo’ final da resenha te agradou! rsrsr
Bjs e obrigado pela presença sempre constante por aqui!

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