John e Eu: peça de Nicolas Trevijano disseca assassino de John Lennon

De em março 22, 2021

Em seu primeiro texto, Nicolas Trevijano vive Mark Chapman, assassino de Lennon

 

 

Como os espetáculos, em função da pandemia da Covid-19, ainda estão impossibilitados de serem apresentados nos teatros, com a presença do público, os artistas estão criando formas alternativas para que as peças não deixem de ser exibidas. São desde transmissões online dos palcos, espetáculos gravados e até produções mistas, com trechos ao vivo e outros filmados. O que importa é o espectador ter acesso ao teatro, independente da forma como foi produzido.

 

 

Com direção de Marco Anônio Pâmio, o espetáculo John e Eu, previamente gravado, marca a estreia do ator Nicolas Trevijano como dramaturgo e revela a mente de um psicopata, Mark Chapman, no dia em que assassinou o ídolo de uma juventude, o ex-Beatle John Lennon. A produção gratuita é transmitida pela plataforma Sympla de quinta a domingo até início de maio.

 

 

 

Ator é dirigido por Marco Antônio Pâmio

Tudo se passa no interior de um quarto de hotel; com a câmera frontal, Trevijano começa o relato compondo o figurino do personagem. Ao arrumar os cabelos e colocar os óculos de lentes redondas o público logo percebe se tratar de Mark Chapman. O texto procura fazer um painel da vida daquele homem, mostrando sua infância, sua relação com os pais e traumas que poderiam justificar os desvios de sua personalidade.

 

Mais do que simplesmente apresentar um relato do dia em que ocorreu o assassinato, a trama disseca aquele homem, mostrando como um fã que ama, idolatra uma figura exponencial da cultura mundial chega ao extremo de matar o ídolo. Quais as razões que levaram Chapman a assassinar Lennon? Pergunta difícil de responder, mas que a trama de Trevijano tenta trazer elementos para que cada um de nós reflita.

 

 

“Longe de querer condenar ou vitimizar Chapman, a peça vasculha zonas sombrias de sua psique, relembra sua infância e relações familiares conturbadas, além de identificar semelhanças entre sua história de vida e a de Lennon. Ao final dessa jornada interativa entre o protagonista-narrador e seus fantasmas internos, talvez o espectador consiga compreender melhor as razões que o levaram a cometer o crime”, esclarecer Marco Antônio Pâmio.

 

 

Além do tema que aguça a curiosidade das pessoas — o que faz com que uma pessoa que admira um artista passe a odiá-lo tanto a ponto de matá-lo —, John e Eu prende a atenção do espectador pela forma como a trama é desenvolvida. O ator, em grande performance, constrói passa a passo aquele psicopata, ao ponto de, na cena final, com os olhos esbugalhados, o espectador perceber a confusão interna vivida pelo personagem.

 

 

 

Trevijano em grande performance

 

Com uma cenografia rica em detalhes (o quarto de um hotel fielmente reproduzido), a iluminação que pontua a trama e a movimentação do ator em cena, a produção se destaca pela sensível direção; Pâmio usa de todos os recursos para contar aquela triste história; há câmeras em diversas posições (frontal, superior e nas laterais), além de um vídeo que dialoga e complementa o enredo.

Não perca, sessões gratuitas até maio. Para aguçar a vontade de assistir, fique com o clipe de Imagine, de John Lennon:

 

 

 

 

 

 

 

Roteiro:
John e Eu. Texto e atuação: Nicolas Trevijano. Direção: Marco Antônio Pâmio. Cenografia e figurino: Cássio Brasil. Iluminação e pós-produção: André Grynwask e Pri Argound. Trilha sonora: Marco Antônio Pâmio. Filmagem, edição e fotografia: André Barmak. Produção executiva: Nicolas Trevijano. Produção: Argus Prod. Artísticas.
Serviço:
Transmissões online pela plataforma Sympla. Horários: de quinta a domingo às 20h. Ingressos: gratuitos. Duração: 60 min. Classificação: 16 anos. Temporada: até 02/05.

 


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